Risco que ganhou as redes

Polícia investiga pelo menos sete casos de exposição de adolescentes nus em redes sociais em Santa Maria

Maurício Araujo

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Pelo menos sete casos de exposição de fotos de adolescentes nus nas redes sociais e em aplicativos de celular estão sendo investigados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Santa Maria. Compartilhamento de imagens e armazenamentos desses arquivos têm causado preocupação às autoridades policiais, que estão atentas a uma possível tendência no aumento desse comportamento. O fato é que está virando "moda" entre os adolescentes compartilhar as próprias imagens nuas ou em poses sensuais. Atitude que requer atenção de todos, principalmente de educadores e familiares.

Divulgar, armazenar e até arquivar cenas que contenham nudez, exposição ou outros registros similares é crime, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com pena de até seis anos de reclusão e multa, lembra a titular da DPCA, Carla Dolores Castro de Almeida:
- É uma nova modalidade de violação dos direitos da criança e do adolescente. Há três anos, não tínhamos esses casos. Hoje, eles existem, e o número pode ser muito maior, já que muitos não registram os casos.

Aplicativos de celulares como Whatsapp e Snapchat (que permite a visualização de uma imagem compartilhada por tempo determinado, que varia de um a 10 segundos) estão sendo usados por adolescentes para trocar imagens, sendo muitas delas de nudez. O risco da exposição sai das fronteiras dos aplicativos quando alguém espalha o conteúdo na internet, principalmente nas redes sociais, na qual conter o material reproduzido é praticamente impossível.
- Ainda não acompanhamos nenhum caso, mas é um risco iminente, e as consequências são as mais diversas e preocupantes - explica a conselheira tutelar Giovana Rossi.

O adulto que divulgar ou até armazenar o conteúdo pode responder pelo crime. Já o adolescente que fizer o mesmo pode receber procedimentos socioeducativos.

Lucas Aguiar Goulart, doutorando em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero da instituição, lembra que a cibercultura tem enorme impacto em nossas vidas hoje, e não podemos negá-la. Dessa forma, segundo Goulart, a troca de imagens se configura como experimentação sexual mediada pela internet:
- É algo muito novo para nossa geração e que acaba sendo rotulado de "nocivo" simplesmente porque não sabemos como lidar com isso.

O especialista lembra que quem teve as fotos "vazadas" na internet não pode simplesmente ser considerado culpado, mas visto como vítima de uma violência, alguém que teve sua privacidade e confiança violadas.

Compartilhar 'está na moda'

Eles já receberam fotos de nudez de amigos e amigas, mas afirmaram nunca ter compartilhado suas próprias imagens. O Diário conversou na quinta-feira com um grupo de seis adolescentes com idades entre 13 e 15 anos (dois meninos e quatro meninas). Sem papas na língua, eles revelaram que participantes de grupos de whatsapp, snapchat, Twitter e Facebook, entre outros aplicativos e redes, normalmente trocam conteúdos com conotação sexual de adolescentes, pois "está na moda".
- Isso acontece mesmo, a todo momento. Tenho algumas amigas que, quando vi, estavam recebendo fotos delas pelo celular - revela uma das jovens.

Eles garantem que muitos se arrependem de ter enviado as imagens, mas que é inevitável o retorno:
- Uma conhecida minha teve de fazer um intercâmbio para "sair de cena" depois de todo o colégio ver as fotos dela - conta outra menina.

Os adolescentes também são conscientes quanto aos riscos da internet:
- É tudo uma questão de consciência. Se cai na internet, não tem mais retorno - disse uma menina.

Luciane Najar Smeha, que é doutora em Psicologia e professora do curso de especialização em Família na Contemporaneidade da Unifra, ressalta que imagens expostas na internet podem gerar sérios problemas emocionais, os quais somente apoi"

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